#17 E aí, vale a pena ir para a Albânia?
Saldo final de quase 3 meses em um país dos Bálcãs
Referência musical: Born to Be Wild - Steppenwolf
Tempo de leitura: 5 minutos
Coordenadas geográficas: 39°51'33.1"N 20°01'37.6"E
I.
Quando saímos de Porto, última cidade que ficamos antes de sair de Portugal, havia colocado como meta ler um autor albanês. Fiz lista, pesquisei, descobri Ismaíl Kadaré, poeta e novelista, inclusive conheci a charmosa cidade onde ele nasceu. Gjirokaster, é uma daquelas cidades fundada no meio das montanhas e com um castelo no topo. É Patrimônio Mundial da UNESCO e me lembrou pequenos vilarejos de outras cidades da Europa.
Lindita Arapi e Lea Ypi foram outros dois nomes que me chamaram a atenção, então mesmo não lendo, deixo no ar, para quem se interessar em saber os nomes em destaque por aqui. Vou ler, ao menos, um livro. O futuro que me aguarde.
Mas falhei, primeiro porque me peguei na biografia do Matthew Perry, o ator de Friends que já citei em outra crônica, segundo porque li outros livros e conteúdos da minha graduação em TI e por fim, mergulhei na história local por outros meios que não o livro convencional.
Enfim, nem sempre sai como esperado. Mas nem por isso deixei de aprender sobre a Albânia. O país dos Bálcãs tem seus prós e contras. É lindo, ensolarado, mesmo nos dias frios, acessível por terra e mar, e bem geolocalizado, fica entre Itália e Grécia, ou seja, respira história.
II.
Infelizmente, nem só de belezas naturais se convence alguém a fazer uma viagem. Se o intuito for falar de preços, a Albânia é tão cara no quesito alimentação, quanto outros países da Europa, como Espanha, Holanda e Portugal. Claro que entre todos esses países há diferenciação e alguns restaurantes ou mercados vão ter alguns produtos mais em conta, mas eu mesmo já li, vi e ouvi pela internet que este país era um paraíso, que se vivia e comia como rei.
E aqui algo que separa os grupos: talvez seja para quem vem em curta viagem de férias, apenas para deitar na praia e curtir, mas para quem passa mais de 30 dias, a verdade é outra. Então, nômades e mochileiros, já saibam, não é o paraíso das economias.
Laticínios e proteína (até o cogumelo é 3x mais caro quando comparado à Irlanda) são mais caros do que já havíamos encontrado em outras regiões, porém legumes e vegetais são bons e baratos e estão nas seções de todos os comércios, em variedade generosa.
Grãos e demais alimentos também custam em torno de € 1 e € 3. A falta de marca própria, como acontece com o famoso Tesco, talvez sejam o motivo do saldo final de compras semanais sair mais caro do que o esperado.
III.
Considerando que não passamos nenhum período na capital, Tirana, os preços podem mudar bastante. Inclusive na acomodação. Os preços dos três apartamentos que tivemos aqui (e destaco em cor amarela que viemos na baixa temporada) não encontramos no lado oeste do continente. Dois destes com sala, cozinha, quarto separado e vista para o mar. O terceiro, mesmo que peça única, custou menos que alugar um quarto na casa de alguém nas capitais. Em valores, média de € 400 o mês, incluindo contas de água, luz e internet.
E repito, por conta da vista praiana e acesso a menos de 15 minutos do mar, a pé, de junho a agosto, este preço sobe mais que 100%. Confirmado pelas pessoas que conhecemos aqui e estão desde março morando na cidade.
Com o mesmo orçamento mensal de € 450 é preciso cavocar um bocado para achar algo compartilhado em Portugal ou Espanha. Itália ou Grécia já seriam um sonho lúdico.
Segundo expatriados que conhecemos, existem duas Albânias, essa descrita na baixa temporada e a da alta temporada, com praias particulares, pouco acessíveis e lotadas, onde uma cadeira ou guarda-sol custa a partir de € 20. Também não são incomuns as quedas de luz, falta de energia e internet, estacionamentos abarrotados e vias congestionadas, por conta da superlotação (me lembrou Bombinhas, em Santa Catarina).
Falando de transporte, acabamos não alugando, mas carros de boa aparência e qualidade estavam na média de € 30, o dia. O ônibus da cidade custa menos de € 2. Táxis e ônibus intermunicipais são mais confusos, com ausência de informações claras. Entre indas e vindas deixamos € 23 cada para chegar aqui vindos do aeroporto.
IV.
Ah, e voltando ao clima, enquanto os amigos da Irlanda e Reino Unido estavam com temperaturas próximas de zero, quando não negativas, as manhãs e tardes se mantiveram acima de 10 graus, com oscilações entre dias de sol e chuva. Hoje mesmo, a máxima foi de 12.
E por que ficamos apenas em Sarandë? Porque decidimos poupar mais na Albânia e gastar mais em outros destinos. Mesmo assim, vimos os dois lados da geografia local, mar e montanhas.
Passar os dias aqui, não tirou o mérito de conviver com os albaneses, presenciar um singelo mercado de natal e conhecer pessoas de outras nacionalidades. Não fizemos amigos locais, graças ao jeito um tanto recluso e pouco amistoso, inclusive dos comerciantes, salvo uma atendente sempre simpática. Mas tivemos uma família que nos acolheu. O pai é alemão, a mãe é egípcia e duas meninas com menos de 10 anos também passaram esses meses por aqui e com eles partilhamos bons momentos, passeios e até um aniversário.
No último domingo estávamos lá, comendo, bebendo e conhecendo os amigos e colegas deles. Somaram às nacionalidades: uma ucraniana, um romeno, um turco e um espanhol. E de todos ouvimos a mesma pergunta: o que traz brasileiros à Albânia? Um país, que na opinião deles, não é uma grande oferta.
Ao final, uso a palavra que mais ouvi no país para encerrar essa passagem: Faleminderit!
Ou seja, obrigado!
E a pergunta que fica:
Você viria para a Albânia?
eu nao iria, mas admiro que foi! hahaha
pra passear ctz iria!